Câmara de Montemor-o-Novo elabora CED para 2025

CEDMontemorBA Câmara Municipal de Montemor-o-Novo está a elaborar a Carta Estratégica de Desenvolvimento para 2025. Após os trabalhos da fase de diagnóstico foram hoje apresentados no Convento da Saudação em Montemor-o-Novo os dados intermédios do trabalho em curso e elaborado o debate em torno de problemáticas relevantes para o futuro.

A Rádio Campo Maior falou com António Oliveira das Neves, Coordenador da Carta Estratégica que nos falou sobre o trabalho em curso. “Estamos numa fase em que preparamos os elementos de diagnóstico e há também uma identificação clara dos desafios estratégicos e das perspectivas de desenvolvimento para o concelho”, revelou António Oliveira das Neves, que disse ainda que “esta é uma oportunidade de apresentar os resultados preliminares do trabalho da empresa de consultoria, de os apresentar a um conjunto de montemorenses que ao longo destes últimos meses colaboraram com a equipa técnica com ideias, com propostas de intervenção para o futuro, e também trazer a Montemor um conjunto de especialistas na área da economia e do desenvolvimento regional que têm abordado estas questões do desenvolvimento do território”.

De acordo com Hortênsia Menino, Presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, “é um passo mais que estamos a dar no trabalho que está a ser feito em relação à Carta Estratégica 2025. A ideia hoje é fazermos um ponto de situação dos trabalhos, e portanto devolver um pouco a um conjunto de entidades e atores de Montemor que foram ouvidos ao longo deste processo, dar-lhe conta do trabalho que está a ser feito e perspectivar já o futuro, os desafios que temos, os cenários de desenvolvimento que temos, ouvir também os contributos que possam vir a ser dados (…) O processo não termina hoje, vamos continuar a contar com a presença e participação de todos”.

João Guerreiro, Professor da Universidade do Algarve, foi o moderador do debate, e refere que a “questão de desenvolvimento de Montemor que está no centro do debate é fundamental. Julgo que aquilo que ficou debatido e apresentado, permite identificar linhas de desenvolvimento interessantes, permite dar sugestões aos principais atores da região, designadamente à Câmara Municipal no sentido de encontrar sinais de diferenciação, iniciativas especificas que podem valorizar o concelho sempre num quadro em que se entenda que Montemor não se basta a si próprio e tem que estar inserido num sistema regional mais global, e que a colaboração entre as entidades que têm expressão no concelho ou que tenham expressão fora do concelho mas com atividade no concelho”.

António Figueiredo falou neste seminário sobre o desafio da atração de residentes. O administrador da Quaternaire Portugal, uma empresa de consultoria para o desenvolvimento, gabou a dinâmica das participações: “Acho que isto mostra bem como o Alentejo é rico do ponto de vista do desenvolvimento local. Tenho a perceção que o desenvolvimento local no Alentejo tem uma expressão histórica muito grande e isso vê-se pela dinâmica das participações e não está em causa a questão das nossas produções exteriores mas vê-se pelo tipo de participação que tem a assembleia, vê-se que há aqui um tecido rico e isso para mim é fundamental”.

O posicionamento geoeconómico de Montemor no contexto regional e nacional foi apresentado por António Mendes Batista. Para o economista “Montemor-o-Novo tem aqui o grande desafio de fazer valer os seus fatores distintivos na concorrência com os outros territórios não só do Alentejo mas das outras regiões do país e em alguns casos até do mundo. Há aqui este desafio que passa necessariamente por valorizar os novos fatores de sucesso, atrair pessoas, atrair conhecimento, desenvolver atores, numa perspectiva de um desenvolvimento a partir dos recursos endógenos e, na medida do possível, também a aposta de atrair empresas e emprego”.

António Covas é co-autor do livro “Multiterritorialidades” que foi apresentado a encerrar este seminário. Maria das Mercês Covas, outra das autoras, apresentou esta publicação que “é também um sinal de esperança. Temos que acreditar que somos capazes de mudar. O livro em cada tópico dá uma visão diferente daquilo que temos feito até aqui porque é preciso arriscar, é preciso inovar e contrariar um pouco a inércia que nos tem movimentado e que não nos deixa dar o passo à frente.

Parece que estamos sempre com medo e é preciso arriscar mais, é preciso pensar de outra maneira, é preciso agir e se calhar ser menos conservadores. (…) Olhar para a frente não significa negar o passado, muito pelo contrário, mas projectá-lo de maneira diferente, mais positiva e que nos faça acreditar que há futuro”.Ruralidade competitiva em contextos de baixa densidade foi o tema apresentado por António Covas, Professor na Universidade do Algarve, que à Rádio Campo Maior disse que “as cartas estratégicas a médio/longo prazo visam criar uma pluralidade de futuros para ver se as pessoas acreditam porque o facto de se acreditar já por si é uma parte do problema resolvido. Montemor tem grandes potencialidades, é preciso é revelá-las. Elas estão um bocadinho ocultas e para revelar é preciso ter um discurso contrastado, contraditório mesmo, porque isso faz aumentar o campo das possibilidades das populações”.

A próxima fase prevê o enquadramento geo-estratégico, cenários de desenvolvimento e desafios estratégicos, e a estratégia e programas de atuação.