Uma em cada três crianças está exposta ao fumo do tabaco em casa ou no carro. Muitos adultos pensam que basta não fumar na sua presença para as proteger, mas o ambiente fica poluído. Quem o diz é a DECO a Associação para a Defesa do Consumidor.
De acordo com Mara Constantino, jurista na delegação de Évora da DECO, mais de 80 por cento do fumo ambiental do tabaco é invisível, mas os seus químicos tóxicos ficam dentro de casa, nas roupas, nos brinquedos, nos móveis e nas superfícies. Isto quer dizer que o fumo pode ser inalado durante algumas horas após fumar um cigarro. No carro ainda é pior: mesmo em andamento, com as janelas abertas e com o ar condicionado ligado, a concentração de químicos tóxicos é 2,5 vezes superior à encontrada num bar para fumadores. Portanto, abrir as janelas enquanto conduz e fuma não é suficiente para a eliminação da exposição ao fumo passivo.
As crianças e os bebés estão mais vulneráveis do que os adultos aos efeitos nocivos do tabaco, porque o sistema imunitário ainda se encontra em desenvolvimento e a sua frequência respiratória é maior e inalam mais profundamente. Além disso, a mesma dose de químicos afeta-os mais por terem menos peso do que os adultos e menor capacidade para eliminar as substâncias tóxicas do fumo.
Este problema não é novo. Numa investigação de 2012 (Prevenção da exposição de crianças ao fumo ambiental do tabaco no seu domicílio), da Universidade do Minho, constatou-se que 32,6 por cento das crianças inquiridas estavam expostas ao fumo em casa e 29,1 por cento afirmaram estar expostas ao fumo de tabaco na viatura onde habitualmente eram transportadas.