Mais de uma dezena de artistas subscreveram um protesto, contra o facto de o “Espaço.arte”, em Campo Maior, ter sido inaugurado com obras de artistas da Associação de Artes plásticas de Campo Maior, e os mesmos não terem sido convidados para esta inauguração.
Luís Rodrigues, artista plástico e doador de mais de 80 trabalhos de sua autoria e três de Mestre Júlio Ferreira da sua coleção pessoal, em declarações à Rádio Campo Maior explica que este protesto está relacionado não só com o facto de os artistas não terem sido convidados, nem avisados desta exposição com trabalhos da sua autoria. “O nosso protesto reside no facto de, os convidados presentes na inauguração, foi quase que uma festa privada, e os artistas, aqueles que tornaram possível aquele espaço, foram totalmente ignorados. Não há sítio nenhum onde a prática seja essa, na inauguração de uma exposição, os artistas são convidados”.
Outra das indignações está relacionada com o facto de “ter sido prestada homenagem ao Mestre Júlio Ferreira, que muito deu a Campo Maior, e os familiares por afinidade, que entregaram a sua obra e os objetos de uso pessoal, prestaram homenagem ao mestre e não avisaram os familiares, não esteve ninguém presente e nem sabiam da mesma”.
Luís Rodrigues reafirma que “o nosso protesto reside aí, como é possível que o município fizesse a organização de uma inauguração, onde até imprimiu um catálogo com as imagens das obras dos artistas, sem que estes tivessem conhecimento de nada, fossem avisados, nem convidados”.
Na altura, depois de contactar o presidente do município, Luís Rodrigues revela que lhe foi transmitido que “a inauguração nestes moldes se devia à Covid”. Justificação que não foi aceite pelo artista plástico, considerando que “os eventos é que têm que se adaptar à Covid-19, e na altura disse ao presidente que era possível ter 30 convidados, que a inauguração fosse feita no exterior, depois organizarem visitas de cinco ou dez elementos de cada vez e posteriormente fazerem uma sessão no Centro Cultural, onde as pessoas eram objeto da atenção do município, e tudo tinha corrido normalmente”.
“Esta gafe não é desculpável” afirma o artista plástico, e acrescenta que espera, assim como todos aqueles que subscreveram o protesto, “apesar de já não resolver nada, mas é capaz de pôr alguma água na fervura, que o município, na pessoa do presidente e da vereadora da Cultura, que se retratem publicamente e que faça um pedido de desculpas, público e formal, a cada um dos artistas que têm obras expostas no Espaço.arte, bem como o envio do catálogo”, considerando que é isto que acha “de bom tom a Câmara fazer”.
Contactado pela Rádio Campo Maior, e sem querer prestar declarações, o presidente da Câmara de Campo Maior, João Muacho, informou que “o município não alargou a inauguração, nem à comunidade, nem aos artistas, devido à pandemia da Covid-19”. No entanto, “mesmo antes da inauguração, o município tinha e tem em mente convidar, de forma faseada, os artistas que têm obras no Espaço.arte, para o visitarem”.
O protesto, para além de ter sido enviado ao presidente da Câmara seguiu também para a Diretora Regional da Cultura, no Alentejo, e para a ministra da Cultura.