Portalegre: CDU apresenta lista às legislativas em sessão pública

A lista da CDU às eleições legislativas de 10 de março, pelo círculo eleitoral de Portalegre, liderada por Fátima Dias, foi apresentada na passada terça-feira, dia 16 de janeiro, no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre.

Na apresentação participaram Diogo Serra, mandatário do distrito de Portalegre, Manuel Coelho (segundo candidato), Susana Teixeira (terceira candidata) e Pedro Reis (quarto candidato e membro do Conselho Nacional do PEV), Rogério Silva (responsável pela Organização Regional de Portalegre e membro do Comité Central do PCP) e Ângelo Alves (membro da Comissão Política do Comité Central do PCP).

Em nota de imprensa, a CDU dá a conhecer a intervenção de Fátima Dias, na íntegra, que replicamos abaixo:

Intervenção de Fátima Dias, primeira candidata da CDU às Eleições Legislativas de 2024 pelo círculo eleitoral de Portalegre – Apresentação Pública da lista da CDU do distrito de Portalegre – 16 de Janeiro de 2024

“Camaradas e amigos,

Gostaria de saudar todos os presentes, os ativistas do Partido Ecologista “Os Verdes” e do Partido Comunista Português e todos aqueles que, não tendo filiação partidária, contribuem para a construção deste projeto tão atual e tão necessário.

É uma honra poder estar hoje aqui, a falar convosco, na qualidade de cabeça de lista da candidatura da CDU pelo distrito de Portalegre.

Sabendo que este é um caminho que não se adivinha fácil, estou confiante que, com esta candidatura e as pessoas que ela integra, faremos uma campanha de proximidade, humanizada, que fale às pessoas, que esteja com elas, que as escute, porque muito mais do que ouvir é importante saber escutar, e que possa ser a sua voz. Uma voz contra a apatia, a resignação, contra a falta de resposta aos problemas de todos e de cada um.

Como é que tudo isto se traduz na nossa ação e no empenho que coloco em cada momento como primeira candidata, da CDU, pelo Círculo Eleitoral de Portalegre?

Pelo COMPROMISSO!

Pelo compromisso assumido, como independente, com as pessoas do distrito de Portalegre e a Coligação Democrática Unitária, enquanto candidata proposta pelo PCP. Com a nossa PALAVRA, estaremos nas ruas, nos locais de trabalho, nos bairros, nos centros de saúde, nas escolas, no pequeno comércio, junto dos pequenos produtores, dos agentes culturais e forças vivas da sociedade e, pela PALAVRA, daremos DIGNIDADE à voz dos que CONFIAM em nós.

Depois de 10 de março, levaremos essa voz à Assembleia da República, lutando para que a Constituição da República Portuguesa se cumpra e todas as pessoas, também no distrito de Portalegre, tenham os mesmos direitos, liberdades e garantias, as mesmas oportunidades, sejam homens, mulheres, mais ou menos jovens, trabalhadores imigrantes, no respeito pelas diferentes etnias e identidade de género.

São tempos terríveis e complexos, os que vivemos.

Quem havia de nos dizer que cantaríamos a canção de Sérgio Godinho, 50 anos depois, sem PAZ, PÃO, HABITAÇÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO!…

Como alertam os nossos deputados no Parlamento Europeu, Sandra Pereira e João Pimenta Lopes, que no próximo dia 29 estará no distrito de Portalegre, a degradação das condições de vida dos portugueses, que resulta das opções do Governo PS convergindo nas questões essenciais com PSD, CDS, Chega e IL, é indissociável das políticas da União Europeia, das restrições que impõe ao investimento público e à valorização de direitos laborais e sociais com as suas negativas consequências.…

Olhando para Portugal, do ponto de vista social e político, as dificuldades encontram-se em crescendo. No distrito de Portalegre, não poderia ser diferente.

O país não aguenta mais! O Distrito de Portalegre não aguenta mais! É hora de mudar de Política!

Mas resta-nos a LIBERDADE! A LIBERDADE para continuar nas ruas no combate às desigualdades, na luta por uma vida melhor!

Olhemos para o Distrito de Portalegre, o distrito menos populoso do País.

O único círculo eleitoral do continente que elege apenas dois deputados e que perdeu 12.424 habitantes, só entre 2011 e 2021, o equivalente à população de quatro dos nossos quinze concelhos.

De acordo com dados do INE, no que diz respeito ao crescimento do efetivo populacional, estamos perante taxas de crescimento total muito negativas, com uma densidade populacional que apresenta resultados inferiores a 20 habitantes por km2, no caso de Nisa, uma densidade populacional de 10,4 habitantes por Km2.

Não será difícil adivinhar a reduzida expressão da população jovem e adulta. Uma estrutura populacional francamente envelhecida com maior peso dos adultos mais velhos e idosos a que podemos acrescentar a feminização do envelhecimento.

Mas a longevidade da nossa população é o exemplo vivo do papel do Serviço Nacional de Saúde um dos mais visíveis e belos resultados da Revolução do 25 de Abril.

O Problema é outro.

O problema reside no facto de o interior do País, e o distrito de Portalegre particularmente, ter sido pura e simplesmente esquecido, passado para o último plano, de não haver aqui investimento digno desse nome que permita que os nossos jovens tenham estabilidade para constituir família como desejam, com acesso à habitação, porque é difícil, encontrar casa, é difícil encontrar rendas a preços acessíveis, é difícil pagar o empréstimo ao banco. Para poderem ter sonhos, terão de os sonhar noutra região ou fora do País.

Esse é que é o problema! Só com trabalho com direitos é possível inverter a perda de população e a fixação de jovens e não será com vínculos precários que vamos atrair e fixar trabalhadores na nossa região.

Porque não há desenvolvimento sem pessoas, e não há pessoas quando falamos de falta de trabalho, acesso a serviços públicos, rede viária, incentivos fiscais e à habitação assim como no plano da legislação laboral. Isso só será possível com estabilidade para se perspetivar o futuro e é do futuro de todo um distrito que falamos quando nos referimos aos direitos dos trabalhadores.

A necessidade urgente de aumentar os salários, a luta dos trabalhadores pelo aumento do salário mínimo nacional para os 1000€ Euros, em 2024, será também a nossa luta.

Sobre a melhoria das acessibilidades, continuaremos a dizer que a CDU é a força política que mais tem avançado com propostas concretas como:

  • A construção de uma ligação em IC entre Abrantes, com ligação a Ponte de Sor, Avis, Sousel e Estremoz;
  • A finalização da construção do IC13 em toda a sua extensão (Alter do Chão – Montijo e Portalegre – Galegos), com variante à cidade de Ponte de Sor;
  • A remodelação e alargamento da Estrada Nacional 373 Campo Maior – Elvas;
  • A construção da variante à Estrada Nacional 246 que permita desviar o trânsito do interior da freguesia de Santa Eulália;
  • A requalificação do IP2 entre Estremoz e Portalegre, estendendo-a até à ligação com a A23, assegurando duas vias de trânsito em cada sentido, sem portagens;

Falamos de acessibilidades … perguntem aos jovens! Aos jovens que vão estudar para Coimbra e têm de ir apanhar o autocarro de Castelo Branco no Perdigão a preços exorbitantes, aos que vão estudar para qualquer outra universidade, quanto custa às famílias pagar transportes, nem que seja uma vez por mês, quanto custa o alojamento, a alimentação, os passes sociais, os livros e fotocópias…

E agora, vamos pensar nos jovens que escolhem Portalegre para estudar nas escolas do IPP… enfrentam as mesmas dificuldades, mas num sentido inverso. Quantas horas em transportes para chegar até Portalegre? E sendo esta presença dos estudantes do ensino superior importante para a economia da cidade, e depois de concluídos os seus cursos, terá o distrito condições para fixar jovens qualificados na região? Sabemos a resposta!…

Falamos também de um desenvolvimento que terá de ser sustentável e é claro como a CDU se assume, nesta matéria, como a única força política com uma visão global do que é um desenvolvimento sustentável que tem de passar por opções políticas muito diferentes das que têm sido tomadas por sucessivos governos.

É necessário dar mais força à alternativa que a CDU defende, que passa pela manutenção da água na esfera pública e pela recuperação da gestão dos resíduos de volta para a esfera pública, pela ferrovia e pela ligação da estação de comboios à cidade de Portalegre.

O desenvolvimento desta região não será possível sem o investimento público que precisamos de continuar a exigir: a Barragem de fins múltiplos do Crato-Pisão, a ligação viária entre a nossa região, a Beira-Baixa e a Estremadura Espanhola através da Ponte sobre o Rio Sever, a Plataforma logística do Caia, a Escola de Formação da GNR em Portalegre.

Sim, todos sabemos como, por estes dias as comitivas se têm desdobrado em cerimónias de assinatura de adendas aos contratos de financiamento pelo PRR. Sabemos muito bem o que acontecesse cada vez que há Eleições e depois das mesmas. De que lado ficam. Quando se trata de investir no desenvolvimento e na qualidade de vida das pessoas, há sempre complicações. É sempre muito difícil.

Falemos do desinvestimento do SNS. No ataque aos direitos dos seus profissionais, na destruição de carreiras e no congelamento dos seus salários, são bem do conhecimento da população do distrito de Portalegre. Bem sabemos da falta de médicos de família, das populações das aldeias sem cuidados de saúde e sem transporte para a eles acederem, cuidados a doentes crónicos adiados, perda de valências nos Centros de Saúde e Hospitais.

Bem vimos, ontem, a difícil situação que se vive na freguesia de Avis, assim como na generalidade dos outros 14 concelhos do distrito. Avis, um concelho com mais de 600 km2, sem rede de transportes públicos e com um elevado número de habitantes com mais de 65 anos e baixas reformas. Não, estas pessoas não têm como recorrer a outros meios de transporte ou a serviços de saúde privados!

Este não é o Portugal de Abril! Vivemos num país que continua a ser incapaz de proporcionar uma vida digna em todo o seu território.

Por aqui, sabemos o sofrimento por que se passa. São as consultas em falta, são os cuidados a doentes crónicos que ficam constantemente adiados, é a vida que fica adiada!

Esta é uma candidatura que valoriza a defesa da igualdade de género e a não discriminação enquanto princípios de justiça social e um alicerce da democracia conforme está previsto na Constituição da República Portuguesa. Mas o que está na Lei nem sempre acontece no trabalho e na vida.

Há muito caminho a percorrer na denúncia dos ataques contra as mulheres nos locais de trabalho, quantas vezes também por mulheres. Por nós mulheres, a luta também passa pela defesa do emprego; na valorização das carreiras profissionais; contra a precariedade; pela regulamentação dos horários de trabalho e salvaguarda da conciliação; no combate às discriminações salariais e a todas as formas de violência; por melhores cuidados de saúde da mulher.

Não poderia terminar sem olharmos para o trabalho desenvolvido pelos dois únicos deputadoseleitos pelo círculo eleitoral do distrito de Portalegre, que a população do distrito de Portalegre mal conhece, ao fim deste tempo.

É inaceitável que não tenham contribuído, de maneira alguma, para a concretização de investimentos que permitam tornar a região mais desenvolvida e atrativa, que resolvam os inúmeros problemas estruturais que isolam cada vez mais o distrito do País e que, logo à partida, desencorajam quem pensa aqui investir, trabalhar e viver.

Mas eles reproduzem o discurso do governo e falam-nos de contas certas?!…

Que contas certas são estas que desacertam a nossa vida?

Estas contas são sempre certas mas em relação à limitação de direitos daqueles que menos têm e no sentido de garantir a transferência de verbas públicas para os grandes grupos económicos e financeiros.

Portugal tem riqueza que é mal distribuída. Se distribuída com justiça, pode garantir uma vida melhor!

Na defesa de direitos, liberdades e garantias, consagrados na CRP, em defesa dos valores de Abril, contem com a CDU!

A população do distrito de Portalegre pode contar com a CDU para fazer ouvir a sua voz! Este é o tempo de criar as condições para a mudança necessária junto dos trabalhadores e do povo.

Com mais Força, conseguiremos conquistas!

Não iremos nas conversas das sondagens nem cairemos nas manobras de distração do voto útil!

Voto útil, é o voto na CDU que nos permitirá reforçar a CDU no distrito e no país para que a vida de todos possa melhorar!Há que protestar e mudar! Há que romper silenciamentos, medos e preconceitos!

Como afirma o Secretário-Geral do PCP, Paulo Raimundo, a CDU constrói-se com convergência, com encontro, na identificação dos problemas. A candidatura que se faz da esperança, da força de acreditar, da alegria e da confiança que nos diz que o crescimento da CDU significará a vida melhor que todos nós desejamos!

Seremos deputados comprometidos com Abril, deputados da CDU em torno de Abril, dos seus valores, e da Constituição da República Portuguesa!

Com CONFIANÇA, avançamos para as estas eleições e, dia 10 de março, teremos oportunidade de decidir.

O voto de cada um, conta!

Podem contar connosco por uma vida melhor!

VIVA A CDU!”