Isolamento de idosos do Alentejo Central retratado em exposições de fotografia

Combater o isolamento dos mais velhos foi o mote para um projeto de fotografia, entretanto transformado em várias exposições, levado a cabo pela associação artística Malvada, em cinco concelhos: Alandroal, Borba, Estremoz, Évora e Reguengos de Monsaraz.

Estas exposições, que resultam de um trabalho de cerca de ano e meio, com retratos de várias dezenas de pessoas, em cada um dos concelhos, incluem-se no projeto “Topofilias”, do Transforma, o Programa para uma Cultura Inclusiva promovido pela Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central.

Este trabalho, revela o fotógrafo e diretor artístico da associação, José Miguel Soares, “muito interessante”, contou com várias sessões, em que, acima de tudo, serviram para conhecer a histórias de vidas de todos aqueles que participaram neste projeto. “Houve vários tipos de sessões e o trabalho não passou só pelo ato de fotografar, mas também por sessões de partilha, em que conhecemos as histórias de vida dos fotografados e em que eles nos mostraram fotografias antigas”. Numa segunda fase, adianta, “houve uma série de sessões de fotografia de retrato, com estúdios montados em sítios inusitados”.

As várias exposições, nos cinco concelhos, são todas diferentes, entre si, sendo que, em Borba, a mesma está patente, no primeiro andar da Biblioteca Municipal Palácio dos Melos. “São apresentadas fotografias de grande formato, a maioria retratos, e algumas fotografias do processo ou mais relacionadas com o processo”, explica o fotógrafo.

Este trabalho, realizado em período de pandemia, acabou por ter muita adesão, sendo que, até ao momento, o feedback “é ótimo”. “Teve dificuldades acrescidas, no seu desenvolvimento, mas foi talvez mais importante do que se tivesse sido feito antes da pandemia”, diz ainda. Para realizar este trabalho, a associação contou com o apoio de vários mediadores, dos próprios municípios dos cinco concelhos, se bem que também se realizaram várias sessões exploratórias no terreno. “Íamos para a rua e íamos conhecendo as pessoas, ou porque era alguém que estava a janela, ou através do comércio e da relação das pessoas que frequentam os cafés”, acrescenta.

José Miguel Soares revela ainda que, e tendo em conta o longo período em que a pandemia impediu o contacto direto entre essas pessoas de mais idade, estas sessões fotográficas acabaram por permitir o seu reencontro. A componente de inclusão social do projeto, diz ainda o fotógrafo, é importante, assim como a aproximação da arte contemporânea a estas faixas etárias.

Em Borba, esta exposição de retratos foi inaugurada no passado dia 12 de novembro, na Biblioteca Municipal Palácio dos Melos, onde fica patente até dia 9 de janeiro.