MOVENDO MEGÁLITOS EM MONFORTE

MonforteEscavaes2No âmbito do Projeto MegaGeo (Movendo megálitos no Neolítico: A proveniência geológica dos esteios de antas do Centro-Sul de Portugal), que envolve vários parceiros, designadamente o Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ/FL/UL), o Centro de Geofísica da Universidade de Évora (CG/UE) e o GEOBITEC da Universidade de Aveiro (GEOBIOTEC/UA), foram concretizadas diversas ações de valorização e estudo das antas da região de Monforte.

Estas intervenções iniciaram-se quando uma equipa de Arqueólogos do UNIARQ efetuou a revisão, desenho e estudo das antas existentes no Concelho. Posteriormente, e em estreita colaboração com o Município de Monforte, efetuou-se a limpeza de alguns desses sepulcros megalíticos e, no caso das antas de Santo António 1, Enxara de Cima 1 e Esquerdos, procedeu-se, ainda, à colagem de alguns esteios, contribuindo, assim, para a sua valorização e preservação e, consequentemente, facilitar a leitura das respetivas estruturas.

Entretanto, geólogos da Universidade de Évora procederam à identificação geológica das lajes utilizadas na construção daqueles sepulcros, procurando agora o seu provável local de proveniência. Em certos casos verifica-se que estas pesadas lajes terão sido obtidas nas imediações do local de ereção das antas, mas outras foram trazidas de diferentes locais situados a quilómetros de distância.

Apesar das antas serem estudadas pelos seus conteúdos e tipologias, a abordagem interdisciplinar de caracterização e proveniência geológica dos megálitos utilizados nas suas construções, não tem recebido a devida atenção da investigação.

Há quase uma década, dois projetos foram desenvolvidos no Alentejo para avaliação dos tipos de rochas utilizadas em antas e as suas proveniências geológicas: em Vale de Rodrigo, Évora e no conjunto de Rabuje, Monforte.

Estes estudos verificaram uma tendência para a utilização maioritária de rochas locais (1-2 km), sobretudo em antas de pequena dimensão (aproximadamente 1-2 m de altura, 2-4 metros de comprimento e 2m de largura), mas em sepulcros maiores foram detetados megálitos que terão sido carregados de origens mais distantes (entre os 6-8 km).

Este projeto procurará atualizar e avaliar a distribuição das antas do Centro-Sul de Portugal e a sua respetiva implantação no substrato geológico, utilizando para a análise dessas relações um sistema de informação geográfica. Para tal serão analisadas 3 áreas como casos de estudo: Monforte e Redondo, ambas no Alto Alentejo (Maciço Hercínico), e Baixa Estremadura, região de Lisboa (Orla Meso-Cenozoica).

A escolha destas áreas com substratos geológicos distintos permitirá avaliar se os padrões humanos de comportamento na seleção de megálitos são semelhantes ou diferem regionalmente. Essa avaliação seria alcançada pela verificação do tipo de rocha, formato, volume e massa dos megálitos utilizados na construção dos sepulcros, bem como pela identificação e distância à sua provável origem geológica.