Medidas como a cobrança de copos de água, pela utilização das casas de banho e a recusa da partilha de doses ou de pratos e talheres nos restaurantes, apresentadas no “Guia de Regras e Boas Práticas na Restauração”, são, para o proprietário da Taberna “O Ministro”, em Campo Maior, “exageradas”.
Para João Paulo Borrega, o Governo está, com isto, a tentar que os restaurantes tenham um “encaixe de dinheiro supérfluo”. “Há gente que passa pela rua e precisa de ir a uma casa de banho e eu não posso dizer que não: nem eu, nem os meus colaboradores”, garante.
“Se alguém entrar a pedir um copo de água, é sinal que essa pessoa tem necessidade de beber um copo de água e esse copo de água tem de ser servido e não vamos aplicar custos, porque esse copo de água não tem custos, até porque nós não temos um preço para os metros de água que gastamos da Aqualia”, comenta o empresário.
Garantindo que nenhuma das medidas mais polémicas apresentadas no guia, divulgado recentemente pelo Governo, vai ser implementada no seu estabelecimento, João Paulo Borrega lembra que, nos quase 40 anos que já leva dedicados à hotelaria, sempre se lembra de os clientes dividirem “um doce, um prato ou uma dose de comida”. “Os nossos governantes querem que nós possamos ir buscar dinheiro, dessa forma, às pessoas, para combater um pouco o exagero de impostos que temos”, acrescenta.
Considerando que não é por se cobrar, por exemplo, o uso de um talher a mais que um restaurante pode sair de uma crise financeira, o também chefe de cozinha aconselha ainda todos os colegas do setor a não aplicarem estas medidas nos seus estabelecimentos. O empresário campomaiorense não tem dúvidas que, quem o vier a fazer, vai dar uma imagem, não de bom serviço, mas de “cinismo”, de que “só estamos cá para ganhar dinheiro”.