Milhares de crianças e jovens, um pouco por todo o país, dedicam muito do seu tempo ao futebol. Uns como passatempo, outros com objetivos de carreira, viram os seus sonhos interrompidos devido à Covid-19 e consequente proibição de realização de treinos e competições a nível das camadas mais jovens.
A atividade desportiva regular é uma das grandes recomendações quer para na manutenção da saúde física quer mental.
Uma interrupção forçada das atividades desportivas, além das implicações para os clubes, traz também consequências para os atletas, em especial os de formação, que se vêm limitados na evolução da sua aprendizagem e crescimento saudável nas idades em que se encontram.
Em Elvas, um dos clubes da terra, o Elvas Clube Alentejano de Desportos, tem na formação um dos seus pilares. Com cerca de 300 atletas, Luís Piçarra, vice-presidente para o futebol juvenil, considera que “os efeitos desta paragem são devastadores. Os miúdos estão sem praticar desportos e isto vai trazer grandes prejuízos a nível físico e psicomotor, quer a médio quera longo prazo”.
O responsável considera que “a transição dos atletas do escalão de juniores para seniores vai ficar muito comprometida, não só a nível local mas também no futebol nacional. São duas épocas praticamente parados e os miúdos não desenvolvem o seu potencial”.
“Nós temos alguns atletas juniores que se encontram integrados na equipa sénior e, nesses casos, eles fazem treinos através da plataforma Zoom e têm todo um plano de treino semanal para que mantenham a forma física. Nos outros escalões, é muito difícil dizer a um miúdo para treinar sem competir. Os miúdos gostam é da adrenalina e da pressão do jogo. Treinar sem competir… não é fácil. A motivação dos miúdos não é a mesma”, garantiu.
Não havendo data marcada para o regresso da atividade desportiva nos escalões de formação, Luís Piçarra acredita que só deverá acontecer nos meses de julho ou agosto pelo que “esta época a competição não vai retomar. Mas também, tendo em conta os casos de infeção, seria um pouco negligente colocar em campo grupos de pelo menos 20 jogadores”.
De acordo com Luís Piçarra, “há atletas que estão desejosos de começar a treinar, Mas, infelizmente, há uma parte destes miúdos que se vai perder, principalmente nos escalões mais velhos. Creio que vamos perder muitos destes miúdos porque já começam a ter outros interesses além do futebol”.
Para os atletas que estão habituados a períodos de atividade contínua, o período de interrupção dos campeonatos poderá trazer algumas consequências menos positivas. Este cenário de pandemia mundial veio agravar ainda mais as suas consequências.