A delegação de Portalegre da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) assinalou ontem o Dia Mundial da doença, com uma visita ao Centro de Ciência do Café, em Campo Maior. Depois da visita, que juntou doentes e familiares, naquele espaço do Grupo Nabeiro, algumas das portadoras de Esclerose Múltipla viajaram até Elvas para participar numa conferência.
Francelina Araújo (na foto, à esquerda) tinha 39 anos quando soube que sofria de Esclerose Múltipla. Passados três anos, depois do embate, depois de saber que era portadora de uma doença incurável, esta funcionária da Escola Superior Agrária de Elvas procurou ontem no Dia Mundial da Esclerose Múltipla reunir outros doentes para, na primeira pessoa, informarem e desmistificarem alguns dos maiores receios associados à patologia.
A iniciativa, que decorreu no auditório da Escola Agrária de Elvas (na foto, abaixo), foi organizada a pensar na comunidade escolar, por esta ser uma doença de jovens: manifesta-se geralmente entre os 20 e os 40 anos, sendo mais frequente no sexo feminino. Para além disso, lembra Francelina, o Instituto Politécnico de Portalegre é certificado pelo Sistema de Gestão de Responsabilidade Social.
A única coisa que quero transmitir a toda a sociedade, a quem se defronte com esta situação, é que não baixe os braços, porque nós temos que viver e a melhor forma de viver é aceitar que temos; a partir do momento que aceitamos as coisas ficam muito mais leves, garante Francelina. Não somos menos válidos na sociedade, desabafa.
Isabel Martins (na foto, em cima, ao centro) foi diagnosticada com a doença há seis anos e meio. Era professora de música. Três anos passados do diagnóstico, uma fadiga crónica sintoma comum da Esclerose Múltipla obrigou Isabel a deixar o ensino. Hoje, reformada, faz outras coisas, sentindo-se igual às outras pessoas.
Quando recebeu a notícia, garante Isabel, foi um alívio: andava muito doente, os médicos não me encontravam nada e foi um alívio para mim saber o que tinha. Mas encarei isto bem, ou seja, ao encarar bem, não me vejo diferente das outras pessoas, vejo-me com um dia mais curto, que em vez de ter 24 horas, tem 18, explica.
Tal como Isabel, também Ana Santa (na foto, em cima, à direita) soube que era portadora da doença há seis anos e meio. Primeiro o choque, depois, com o tempo, conhecendo pessoas com um grande coração, que fazem o bem pelos outros sem esperar receber nada em troca com o mesmo problema, o fardo ficou menos pesado.
O primeiro sintoma de Ana foi o adormecimento total da parte esquerda do corpo. A doença, diz, não a tem limitado, embora reconheça que se teve de adaptar em algumas situações. Havia coisas que eu fazia que agora eu sei que não posso, porque é arriscar, adianta.
Em todo o mundo estima-se que existam dois milhões de pessoas portadoras de Esclerose Múltipla. Em Portugal estima-se que mais de cinco mil portugueses sejam portadores da doença, muitos ainda sem diagnóstico.