O Centro de Dia da Santa Casa de Campo Maior, devido às obras que decorrem, nas instalações da instituição, funciona agora no edifício das piscinas municipais.
O regresso dos cerca de 20 utentes ao Centro de Dia era muito aguardado, sendo que como revela Rosália Guerra, “o primeiro desafio foi saber a reação dos utentes ao novo espaço, tínhamos muita expetativa, e o desafio foi permitir que os idosos explorassem o novo espaço e se sentissem bem”. Depois há outra vertente, que “é deixar que as pessoas façam o que gostam, que ocupem o dia com atividades que lhes deem prazer, e possam prolongar a sua autonomia a favorecer a socialização”.
A socialização dos idosos ficou “mais comprometida, com a pandemia, o que revelava uma pioria do seu estado físico, mental e cognitivo”, apesar de não terem deixado de acompanhar as pessoas, durante esse tempo, revela Rosália Guerra, admitindo que “foi sentida uma alegria inadjetivável, quando estes utentes regressaram ao Centro de dia, pela sensação de poder voltar a conviver e ao mesmo tempo, o benefício que isso lhes traz para o seu bem-estar e felicidade”. Neste momento, “o foco é deixá-los livres e deixá-los desconfinar”.
Rosália Guerra afirma que “não podemos continuar a ver os idosos como uma gaveta à parte, porque a pandemia veio demonstrar que os idosos ficaram numa a situação difícil”, relativamente ao confinamento, e muitos sentimentos de aprisionamento surgiram nas cabeças dos mais velhos, e nós temos feito um trabalho, no sentido de perceber quando os podemos deixar regressar a normalidade”.
“Os idosos são pessoas como as outras e não podemos deixar que a Covid feche mais os idosos, que foi algo que nos preocupou, por isso tentamos facilitar o desconfinamento dos idosos, com segurança”.
É ao som das saias de Campo Maior que estes utentes desenvolvem ali, diversas atividades. Todos os dias, explica Rosália Guerra, “tentamos perceber quais as fontes de bem-estar dos utentes, para reavaliar estas fontes, e uma delas é a música, também tentamos proporcionar alguma ligação com o exterior, portanto há um conjunto de fatores aqui que proporcionam esse bem-estar aos idosos, algo que é notório quando se entra no espaço”, revela Rosália.
A nossa reportagem quis saber a opinião de alguns idosos sobre este regresso e também das instalações onde agora se encontram.
Alexandrina Abreu explica que o tempo em que esteve em confinamento, em casa, “foi difícil” e já pensava que não abria o centro de dia, por isso entrou para o Lar, mas ao ver pessoas mais doentes, voltou para casa e quando abriu o centro de dia “foi uma alegria”, porque tal como revelo, “me distraio e na minha casa estava sempre a chorar”. Aqui, “cantamos, fazemos ginástica, bailamos, tinha muitas saudades do convívio”, assumindo que é melhor estar naquele espaço, do que em casa.
As lágrimas que verteu durante o tempo em que esteve sozinha em casa transformaram-se agora em sorrisos, ainda que por detrás da máscara, quando regressou ao Centro de Dia, revela Alexandrina.
Outra utente, Margarida Fialho revela que sentia muita falta do convívio no Centro de Dia, porque “somos uma família”. “Só de vir na carrinha saio e vejo as ruas da vila, aqui convivo e falo com as pessoas, já em casa chorava muitas vezes e aqui estou muito melhor”. Demonstra-se por isso “contente pelo regresso, até tenho menos dores, agora distraída sinto menos dores, sinto-me bem aqui”, explica.
Os utentes que já regressaram ao Centro de Dia da Santa Casa da Misericórdia de Campo Maior, que por agora, funciona no edifício das piscinas municipais.