André Malha, bombeiro da corporação de Elvas, salvou ontem, 10 de fevereiro, ao final da tarde, a vida de um recém-nascido, depois da família deste bebé com apenas oito dias, em pânico, se ter deslocado, com a criança, em braços, ao quartel.
“Eu e um colega estávamos à porta do quartel, quando um indivíduo se aproxima, a correr, aflito, e nos diz que havia um recém-nascido que não respirava e que precisava da nossa ajuda”, começa por contar este jovem bombeiro, assegurando que, enquanto um dos seus colegas procurou chamar uma ambulância, realizou os procedimentos necessários, depois do pai da criança ter surgido, com ela, junto de si. “Apanhei na criança, reparei que estava a fazer uma obstrução da via área, derivado à amamentação, e fiz o que diz o protocolo, com cinco pancadas interescapulares”, explica. Depois, o bebé “começou a reagir” e foi transportado ao hospital.
Estas são situações que se sucedem com alguma frequência, garante André Malha, sendo que a grande diferença é que esta, em particular, não aconteceu “em contexto de urgência, mas sim à porta do quartel”. “Salvei uma criança, já salvei outras e vou salvar mais: é para isso que os bombeiros servem, para salvar vidas”, diz o bombeiro, orgulhoso da farda que enverga, da instituição que representa e por ter sido o grande responsável por evitar o pior.
Tendo em conta a situação, André Malha diz ser importante que os pais de bebés tenham cuidados redobrados, aconselhando alguma formação, não tendo dúvidas que o fim desta situação poderia ter sido outra, caso a sua intervenção não tivesse sido imediata: “tivemos sorte porque estávamos ali perto, porque se a distância fosse outra, não sei se o final seria o mesmo”.
Já o comandante dos Bombeiros Voluntários de Elvas, Tiago Bugio, garante que esta foi uma situação que “tocou mais” os operacionais, por se tratar de uma criança, mas é com o objetivo de ajudar toda a população que os elementos do quartel recebem, regularmente, diversas formações, inclusive no Instituto Nacional de Formação Médica. “São formação desgastantes, emocionalmente, porque os operacionais são colocados em situações de grande esforço psicológico, para trabalhar em grande stress”, revela o comandante. O objetivo, garante, é sempre ajudar a população de Elvas e todos aqueles que visitam a cidade Património da Humanidade.
Tiago Bugio diz ainda que, neste caso concreto, a ação de André Malha foi “imediata, com sangue frio e sem se deixar afetar pela situação”. A situação de aflição dos pais, bem como da criança, que “já se encontrava toda sinusada”, foi revertida, com “sucesso e destreza”. “Não é fácil executar estas manobras nestas crianças, com estas idades, porque têm tecidos muito moles e ainda não têm a estrutura óssea e toda a parte da caixa torácica desenvolvida, e tem de ser na medida certa, para a situação apropriada”, diz ainda o comandante.
A criança, em questão, depois de socorrida no quartel, foi transportada ao Hospital de Santa Luzia para observação. O trabalho mais complexo, contudo, garante ainda Tiago Bugio, já tinha sido feito.
