Reintegrar um sem-abrigo “é bastante complicado”

O Centro de Acolhimento para sem-abrigo de Elvas foi um dos poucos, a nível nacional, que não registou o aumento dos pedidos de ajuda nos últimos dois anos de pandemia.

O centro tem, atualmente, a sua lotação esgotada, contando com 10 homens e três mulheres. O mais novo tem 18 anos e o mais velho 57, sendo que “os dois principais fatores que deixam estas pessoas em situação de sem abrigo são as dependências, de álcool ou drogas, e perturbações psíquicas”, segundo Cândida Patrão, diretora técnica do Centro de Acolhimento para sem-abrigo de Elvas.

Antes da pandemia, ocorriam situações de pessoas que batiam à porta e recebiam esse apoio, atualmente “essa situação não é possível, uma vez que para ser admitido no centro a pessoa tem que apresentar um teste PCR negativo. Depois temos outro problema no nosso centro é que durante o tempo de espera do resultado do teste não temos onde alojar o sem-abrigo”.

Reintegrar estas pessoas no mercado de trabalho é sempre um objetivo destas instituições. No entanto, “quer as dependências que apresentam, quer os problemas do foro psiquiátrico, são situação que dificultam bastante essa reintegração”, de acordo com Cândida Patrão.

De acordo com a diretora técnica do Centro de Acolhimento para sem-abrigo de Elvas, “a formação profissional na APPACDM de Elvas vai sendo uma solução para ocupar estas pessoas, muitas delas novas demais para dar entrada num lar”.

Portugal tem mais de 8200 pessoas a viver em situação de sem-abrigo, sendo que mais de metade estão na Área Metropolitana de Lisboa.

Quatro em cada cinco são homens e perto de 40% têm entre 45 e 64 anos e vivem na rua há menos de um ano.