
O azeite, cada vez mais valorizado pelas suas propriedades saudáveis e qualidades sensoriais, tem vindo a conquistar novos mercados fora da região mediterrânica, onde é tradicional. Segundo o Conselho Oleícola Internacional, a procura mundial duplicou desde 1990 e prevê-se um aumento adicional de 10% este ano.
Este crescimento tem impulsionado o investimento em olivais, especialmente nos sistemas intensivos e superintensivos, mais produtivos e rápidos a gerar retorno. Um dos exemplos mais evidentes é o caso da Estremadura espanhola, onde a área de olival com regadio aumentou 66% desde 2014, ultrapassando atualmente as 77 mil hectares.
Este boom coincidiu com uma fase de preços elevados devido a crises sucessivas, mas, mais recentemente, os preços caíram drasticamente, tornando a produção tradicional menos viável. Em contrapartida, os olivais modernos de alta densidade continuam a ser rentáveis, dado que atingem a produção comercial em apenas três anos, ao contrário dos sistemas clássicos, que demoram décadas.
Alentejo lidera produção de azeite graças a novos modelos agrícolas e condições naturais
O domínio do Alentejo na produção de azeite em Portugal deve-se a uma combinação de inovação agrícola, investimento em infraestruturas e condições naturais favoráveis.
Com o apoio do regadio proporcionado pelo Alqueva, a região tem vindo a adotar modelos de cultivo modernos, nomeadamente olivais intensivos e super-intensivos, que entram em plena produção em apenas três a quatro anos. Estes sistemas permitem uma resposta rápida à procura crescente e uma maior eficiência na exploração agrícola.
A par disso, a instalação de lagares de grande capacidade na região permitiu ganhos evidentes de economia de escala, reduzindo os custos de extração e melhorando a rentabilidade do setor.
Também os fatores naturais desempenham um papel crucial. O Alentejo beneficia de solos profundos e de um clima seco e quente, que favorecem particularmente variedades como a ‘Arbequina’ e a ‘Cobrançosa’, ambas apreciadas pela sua qualidade e produtividade.
Portugal destaca-se no panorama europeu
Entre 2019 e 2023, Portugal registou uma produção média anual de cerca de 147 mil toneladas de azeite, o que representa um crescimento de 55% face à média do quinquénio anterior (2014-2018). Este desempenho coloca o país entre os poucos da Europa com crescimento sustentado na produção oleícola.
A elevada produtividade permitiu ainda atingir um grau de autoaprovisionamento superior a 190% desde 2021, o que garante não só o abastecimento interno como a capacidade de exportação. Espanha, Brasil, Estados Unidos e os países africanos de língua portuguesa (PALOP) são os principais destinos do azeite português.
Segunda melhor campanha de sempre (2023/24)
O Instituto Nacional de Estatística contabilizou 1,75 M hl de azeite (≈ 160 mil t). O Alentejo gerou 1,47 M hl, ou cerca de 135 mil t, sustentando quatro quintos da produção nacional.
Campanha | Portugal (toneladas) | Alentejo (toneladas) | Peso do Alentejo |
2023 / 24 (colheita de 2023) | 160 000 t | 135 000 t | 84 % |
2022 / 23 (ano de quebra) | 125 000 t | (não detalhado) | |
2024 / 25 (projeção ) | 190 000 t | 80 a 90 % da produção o nacional | n/d |
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