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Manuel Anastácio: políticas do Estado em relação à apicultura “deixam muito a desejar”

Devido à seca, a produção de mel no Alentejo, segundo as associações de apicultores da região, pode registar quebras, em alguns casos, de 90%. Assegurando que estão a ser “ignorados” pelo Ministério da Agricultura, os apicultores debatem-se ainda com a falta de apoios.

Dando conta que registou uma quebra de quase 80%, em termos de efetivo de abelhas, Manuel Anastácio, apicultor do concelho de Elvas, garante que, com a falta de apoio, por parte do Estado, vai tornar-se cada vez mais “insustentável” tratar uma colmeia.

“Como não chove, a floração não se dá. Aqui, a floração mais abundante que nós temos é o chamado chupa-mel e se não há chuva, essa flor nunca chega a rebentar e a falta de produção deriva também daí”, explica o apicultor como a seca e as alterações climáticas estão na origem do problema.

Por outro lado, e lembrando que, em Espanha, os apicultores têm “apoios diretos a cada colmeia”, ao contrário do que acontece em Portugal, Manuel Anastácio diz ser difícil fazer face às pragas que “dizimam” as colmeias. E “perdendo as colmeias, não há produção”, recorda.

“Se houvesse um mínimo de apoio, a nível dos tratamentos, já era um certo alívio para o apicultor”, garante Manuel Anastácio, que comparando, uma vez mais a realidade portuguesa à espanhola, explica que, do outro lado da fronteira, e porque existem cooperativas que recolhem o mel de todos os apicultores, conseguem uma liquidação do produto muito mais rápida. “Aqui, para escoarmos o produto, temos alguma dificuldade e também, por vezes, não conseguimos competir com os preços dos espanhóis”, diz ainda, não tendo dúvidas que as políticas do Ministério da Agricultura, em relação à apicultura, “deixam muito a desejar”.

As associações do setor queixam-se ainda de Portugal ser “o único país da União Europeia que não contempla a apicultura nas medidas agroambientais, nem tenha qualquer tipo de apoio direto aos apicultores”.

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