Portugal vai exigir um teste negativo, para quem cruzar a fronteira terrestre, já a partir do dia 1 de dezembro, tendo em conta as novas medidas anunciadas pelo Governo, para conter a propagação da pandemia.
As fronteiras não serão restabelecidas, mas ao que a Rádio Campo Maior apurou haverá controlos móveis aleatórios relativamente ao cumprimento da obrigação de testagem, remetendo a Resolução do Conselho de Ministros de quinta–feira para o despacho do Ministério de Administração Interna (MAI) que regulará a aplicação destas medidas.
Nas relações transfronteiriças há laços familiares, comerciais, laborais e de lazer que ligam os dois países ibéricos, sendo muito comum haver quem do Alentejo se desloque diariamente à Estremadura espanhola e vice versa, basta dizer que no caso de Elvas e Badajoz, entre estas duas cidades, há apenas 10 kms de distancia.
A necessidade de apresentação de testes não só dificultará este transito transfronteiriço como afeta mais uma vez o comercio, a restauração e a hotelaria das regiões de fronteira.
O presidente da Câmara de Elvas, José Rondão Almeida, afirmou à Rádio Campo Maior que “estas medidas irão prejudicar a restauração e hotelaria elvense”. Rondão “contesta todas estas medidas” e “apela a todas as entidades que tenham em atenção estas localidades transfronteiriças, cuja economia está muito ligada e gere-se com essa passagem de espanhóis até Portugal”.
No caso de Campo Maior, o presidente da Câmara Luís Rosinha “aguarda a legislação (despacho do MAI), uma vez que o que foi dito pelo senhor ministro da Administração Interna é que poderão ser feitos controlos aleatórios e numa dimensão pedagógica. Teremos que aguardar para ver que efeito terá nos municípios de fronteira. Devemos recordar que recentemente tivemos as fronteiras fechadas”.
Já em Arronches, outro município de fronteira no distrito de Portalegre, João Crespo considera que “esta medida vai condicionar o movimento transfronteiriço e criar alguns obstáculos. Deve ter-se muito cuidado e com ponderação para evitar prejudicar as relações diárias entre os dois lados da fronteira”. O autarca de Arronches reconhece “independentemente de ser justo ou não, estamos num período de pandemia, mas ínsito que deve ser ponderado para não prejudicar quem passa a fronteira com regularidade”.
Na zona raiana, a necessidade de testagem está a criar apreensão nos concelhos portugueses colados a Espanha e que tem intensas relações transfronteiriças.
A Rádio Campo Maior sabe que o despacho do MAI deverá contemplar as exceções ocorridas aquando dos dois restabelecimentos de fronteiras com Espanha, ao nível dos trabalhadores transfronteiriços e dos transportes internacionais de mercadorias, embora quer comerciantes em geral, quer empresários da restauração e hotelaria em particular, nos tenham manifestado bastante apreensão quanto as estas novas medidas.