O espaço museológico “Monforte Sacro – Painéis e Azulejos do Século XVIII Sobre a Vida e Milagres da Rainha Santa Isabel” é inaugurado na sexta-feira, 13 de outubro, pelas 18 horas, na Igreja do Espírito Santo, em Monforte.
A iconografia da Rainha Santa Isabel é um património artístico riquíssimo no domínio da escultura, da gravura, da pintura a óleo e de azulejo.
É na vila de Monforte, no Alto Alentejo, que se conserva o mais completo e original programa iconográfico dedicado à Rainha Santa Isabel. Trata-se de um acervo azulejar proveniente da Igreja do antigo Convento do Bom Jesus, um dos mais notáveis mosteiros femininos do Alto Alentejo, igreja demolida em 1945/46.
É constituído por cerca de 15.000 azulejos setecentistas que revestiam inteiramente a nave da igreja, contendo representações nalguns casos inéditas de milagres e episódios da vida da Rainha Santa.
Estes azulejos que constituem aquilo que resta do riquíssimo acervo da igreja foram retirados e armazenados em 59 caixotes numa dependência da Santa Casa da Misericórdia de Monforte, sua proprietária.
Em 2006, foi firmado um protocolo entre a Câmara Municipal de Monforte e a Santa Casa da Misericórdia da mesma vila com objetivo de proceder à inventariação, registo fotográfico e montagem do referido acervo. Os trabalhos iniciaram-se em 2012. Desde então teve lugar o rigoroso e exaustivo trabalho de inventariação realizado pela equipa da Câmara Municipal de Monforte que permitiu a identificação temática da totalidade dos painéis historiados e reconstituir o notabilíssimo revestimento integral da igreja.
Terminada a inventariação do espólio azulejar, importa sublinhar o notável trabalho realizado pela equipa de arqueologia e a forma meritória como a Câmara Municipal desde a primeira hora se empenhou na salvaguarda de um precioso património que urge devolver ao nosso tempo.
Considerando que o objetivo final deste projeto sempre foi a instalação definitiva deste importantíssimo espólio em espaço público que permitisse a sua fruição, a Câmara Municipal de Monforte encontrou a melhor forma de reintegrar este singular património na malha urbana da vila, conferindo um particular significado simbólico a este processo.
Efetivamente, ao decidir a reabilitação da antiga Igreja do Espírito Santo, atualmente propriedade da Câmara, para no seu interior proceder à recolocação condigna do revestimento azulejar da igreja do convento do Bom Jesus de Monforte, conjuga dois objetivos: “além da requalificação de um edifício histórico, dar também dignidade e visibilidade a um espólio riquíssimo e valiosíssimo”.
Assim, nasce com a feliz designação de “Monforte Sacro” um espaço de referência para a fruição pública, situado no centro histórico da vila, que disporá de um centro interpretativo que de uma forma clara contextualizará um património que renasce depois mais de sete décadas de esquecimento.