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Paula precisa de um dador de medula compatível: “hoje por mim, amanhã por um familiar vosso”

Bombeira voluntária em Elvas, Paula Remédios já salvou muitas vidas. Agora, é ela quem precisa de ajuda para se salvar.

Com um linfoma raro, esta mulher, de apenas 35 anos, quase a terminar o seu curso de Enfermagem, já esgotou, praticamente, todas as possibilidades de tratamento, sendo que a última reside num transplante de medula óssea. Mas para isso, precisa de um dador compatível e é nesse sentido, mas também para ajudar outras pessoas que passem pela mesma situação, que está a apelar à ajuda de todos.

Foi no IPO, em Lisboa, que lhe foi diagnosticado esse linfoma raro, do tipo Grey Zone, depois de, em janeiro do ano passado, ter dado entrada no hospital de Elvas, onde começou a ser acompanhada. “Fiquei internada, em Elvas, mas inicialmente não sabiam bem o que é que eu tinha. Sabiam que eu tinha um tumor no tórax, entre o coração e os pulmões, mas não sabiam que género de tumor é que era”, começa por contar. Internada durante um mês, é quando faz um exame PET (uma Tomografia por Emissões de Positrões) que lhe é detetado o linfoma. Após mais uma série de exames e biópsias, passa a ser seguida no IPO, onde se confirma o pior: um linfoma raro, “mais agressivo”. “Dentro do azar todo que tive, tinha de ter mais esse”, lamenta.

Doente há um ano e quatro meses, Paula já fez todo o tipo de quimioterapia que existe, mas nenhum que seja específico para o tipo de cancro que tem. “Tenho vindo a experimentar vários tipos de quimioterapia, para ver qual é faz efeito, mas é claro que surgem sempre complicações, porque é um tratamento muito agressivo, que mata as células cancerígenas, mas também mata o que é bom”, explica.

Com a única possibilidade de salvação com um transplante de medula óssea, esta mulher procura agora “sensibilizar as pessoas a irem aos bancos de sangue”, para que se tornem dadoras de medula. “E não peço só para mim, porque existem milhares e milhares de pessoas a passar pelo mesmo que eu. Se não conseguir para mim, pelo menos que ajude outras pessoas. Hoje é por mim, mas amanhã pode ser por um familiar ou um amigo”, assegura a bombeira.

A “doença da moda”, como lhe chama, surge na vida de Paula quando estava a estudar para se tornar enfermeira, o sonho de uma vida. “Estava no último ano de Enfermagem, a fazer os estágios – faltam-me dois para ser enfermeira – e sou bombeira. Eu considero-me ainda bombeira, apesar de não estar no ativo, devido à minha situação, mas trabalhava, tinha a minha independência, ajudava os outros, estava no meu estágio e a fazer, finalmente, o curso que eu queria – que era o meu sonho e que continua a ser”, revela, entre risos tímidos.

De um momento para outro, Paula viu-se “sem nada”. Sente que perdeu a sua independência. porque o cansaço e o facto de perder o cabelo, com os tratamentos, fizeram-na perder a sua essência, a sua identidade. Passou também a ter de depender de outros, como o namorado e os pais. “Têm sido super presentes e bastantes pessoas surpreenderam-me, pela positiva. Têm sido incansáveis e só tenho que agradecer do fundo do meu coração”, acrescenta.

As percentagens, indicadas pelos médicos, apesar de altas, a rondar os 80 por cento, no que diz respeito à possibilidade de se salvar com o transplante, Paula garante que “acabam por ser nada”, até porque, até lá, será preciso encontrar esse dador compatível.

Nestas situações, os familiares diretos são sempre os primeiros a serem testados. “Infelizmente, os meus pais e a minha irmã não são compatíveis comigo e é por isso que eu agora estou a tentar que as pessoas sejam dadoras. Até pode ser que me salvem a mim ou a mais alguém”, diz, Paula, com alguma esperança na voz.

Quanto ao transplante, e depois de encontrado um dador compatível, o mesmo, tendo em conta a sua condição, deve ser feito o mais rápido possível.

Para serem dadoras de medula óssea, as pessoas apenas têm de se deslocar ao serviço de dadores de sangue do seu hospital de residência e pedirem para serem dadores de medula óssea. Também o podem fazer pela internet, através do site do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (ver aqui), mediante o preenchimento de um inquérito disponibilizado online.

Aqueles que residem fora de Portugal também podem ajudar. Para isso basta consultar uma listagem, aqui disponibilizada. Ao procurar se o país em que residem atualmente pertence à lista, é só pesquisar pelas várias cidades com os centros de colheita, onde as pessoas se podem deslocar para se tornarem dadoras de medula óssea.

A entrevista completa para ouvir no podcast abaixo:

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