Reformar-se aos 66 anos e com 41 de carreira “é muito cansativo”, diz professor José Pedro

José Pedro (na foto) vive em Elvas e é professor de sociologia na Escola Secundária de Campo Maior. Atinge idade de reforma no dia 6 de dezembro de 2022, pelo que se vai reformar com 66 anos e três meses, o que corresponde a 41 anos de tempo de serviço.

Aos nossos microfones explica que as escolas “têm uma gritante falta de professores e é evidente que o pessoal está cansado e, os da minha idade ou aproximadas, sentem-se um pouco injustiçados pela ausência de progressão na carreira”.

“O próprio contexto escolar, falta de disciplina e interesse dos alunos”, são motivos que fazem, segundo revela o professor, “com que as pessoas estejam um bocado saturadas”.

Reformar-se aos 66 anos, com 41 anos de carreira “é muito cansativo, e se olharmos para outras profissões, da função pública, que atingem uma pré reforma ou aposentação mais cedo, aquilo que fazem com os professores é nitidamente uma injustiça e as pessoas estão saturadas”.

José Pedro não diz que está saturado, porque tem funções que tem de cumprir, assim como o seu dever, e apesar de saber que tem do outro lado alunos que precisam de si, a sua disponibilidade “é cada vez menos”.

Quanto à carreira docente e à contratação de professores, José Pedro afirma que “é pouco apelativa”, porque os vencimentos são muito baixos, e os professores, sobretudo jovens, que estão deslocados de casa e têm que pagar habitação, alimentação e deslocação, as pessoas ganham mal, os ordenados são baixos, miseráveis e alguns deles é unicamente para ter tempo de serviço e se poderem aproximar em casa”.

“É uma vergonha o que se passa no sistema, quando olhamos para a carreira militar, que aproximam as pessoas de casa, aqui não, temos colegas que são do Norte ou sul, casados, com filhos, e têm de deixar a família para vir para aqui”, reforça José Pedro, terminando dizendo que “aquilo que fazem à carreira docente e aos docentes é uma vergonha”.