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O pior de 2020 a nível ambiental no Alto Alentejo, segundo a Quercus

BalancoAmbiental2020QuercusO Núcleo Regional de Portalegre da Quercus, a Associação Nacional de Conservação da Natureza, no início de 2021, decidiu apresentar uma lista daquilo que, do seu ponto de vista, marcou positiva e negativamente o ano de 2020, ao nível ambiental do Alto Alentejo.

O anúncio de que a Central Nuclear Almaraz estará em funcionamento até 2028, a continuação da instalação, no Alto Alentejo, de novas monoculturas intensivas e superintensivas de olival e a aplicação de herbicidas cancerígenos, assim como as más práticas de poda de árvores são alguns dos aspetos que a Quercus destaca como os piores, a nível ambiental, do ano passado.

Funcionamento da Central Nuclear de Almaraz até Outubro de 2028

Em Abril deste ano, o Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol emitiu um parecer favorável ao prolongamento do funcionamento da Central Nuclear de Almaraz, em Espanha, até outubro de 2028, impondo algumas condições ao seu funcionamento. Infelizmente, tudo aponta para que o Governo Espanhol venha a alargar o prazo de funcionamento desta estrutura, ignorando todos os problemas de segurança que a mesma apresenta e assumindo uma posição errada, irracional e de gravidade extrema, que poderá viabilizar que a Central de Almaraz, totalmente envelhecida e obsoleta, continue a trabalhar e a colocar toda a Península Ibérica em risco até ao ano de 2028.

Olivais superintensivos no Alto Alentejo

À semelhança do Baixo Alentejo, o Alto Alentejo, sobretudo, em concelhos como Elvas, Avis, Fronteira, Campo Maior ou Évora, continua a ser também alvo da instalação de novas monoculturas intensivas e superintensivas de olival, sem um fim à vista, e a situação poderá mesmo agravar-se, caso avance a construção da Barragem do Pisão, no Crato. Quando a maioria das previsões aponta para num futuro breve existirem cada vez mais carências ao nível dos recursos hídricos disponíveis nas zonas a sul do Tejo, será muito questionável a aposta que está a ser feita nestas culturas de regadio, complementadas com utilização regular de fertilizantes químicos de síntese e produtos agrotóxicos. Mais grave se torna a situação quando a expansão destas culturas é feita à custa de floresta autóctone, base da biodiversidade local, ou com o sacrifício de olival adulto e tradicional, bastante mais bem adaptado às realidades locais.

Continuação de aplicação de herbicidas cancerígenos

Apesar de terem sido divulgados novos estudos médicos recentes sobre os efeitos cancerígenos dos herbicidas glifosatos, estes continuam a ser utilizados pelas autarquias locais, serviços florestais e na manutenção de estradas nacionais e municipais. Estes produtos continuam mesmo a ser aplicados sem se cumprirem normas elementares de segurança para os trabalhadores e sem prévio aviso das populações, nem sinalização da aplicação. Regista-se também a sua aplicação junto a linhas de água, pondo em perigo a vida selvagem e a saúde púbica. Infelizmente, nenhum município nem nenhuma freguesia do distrito de Portalegre aderiu à proposta da Quercus, e de outras associações, para se declararem livres de herbicidas.

Instalação de novo olival superintensivo em Veiros, a escassos metros da povoação e das habitações

Em Fevereiro de 2020, mais um projeto de instalação de olival superintensivo no Alto Alentejo, na freguesia de Veiros, concelho de Estremoz, provocou a revolta de populares e despertou ainda mais os cidadãos para este problema. O olival superintensivo em questão foi instalado mesmo junto à periferia da povoação de Veiros (Bairro Baldio da Eira), a escassos metros de muitas habitações, facto inadmissível e uma real ameaça à saúde pública local. É necessário que em casos deste tipo, sejam criadas áreas de proteção em torno das habitações, de modo a proteger a saúde pública das populações, e esta seja uma condição imprescindível para a instalação futura de qualquer olival intensivo ou superintensivo. É necessário também que passe a ser obrigatório realizar um processo de avaliação de impacte ambiental para a instalação deste tipo de culturas, devendo o parecer das autarquias ser vinculativo neste tipo de licenciamentos.

 Comércio menos sustentável

Apesar dos efeitos do confinamento em 2020, por via da pandemia do COVID – 19, ter levado a uma maior procura do comércio e bens de caráter local, a verdade é que se continua a acentuar a opção dos consumidores do Alto Alentejo pelos bens das grandes superfícies, em detrimento da procura de produtos e do comércio de carater mais local, com a consequência de graves prejuízos para o ambiente e para a economia regional. Investir e apoiar o comércio e os produtos locais e regionais é fundamental, numa lógica de proximidade, sustentabilidade e maior dinamismo do tecido social e económico do Alto Alentejo.

 Operações de “limpeza” em árvores

Continuam-se a registar casos de más práticas nas limpezas e operações de poda realizadas nas árvores de alguns parques e jardins do Distrito de Portalegre. Tais práticas, muitas vezes realizadas de forma demasiado severa e injustificada, provocam frequentemente debilidade nas árvores intervencionadas, assim como danos ambientais e descaracterização dos espaços públicos onde se encontram.

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