Numa altura em que se celebram os 50 anos do 25 de abril, por todo o país e também na região, quisemos saber, junto daqueles que viveram a Revolução dos Cravos que memórias guardam, desses tempos.
Nesse sentido, falámos com algumas alunas da Academia Sénior da CURPI de Campo Maior. Luísa Fernandes conta que, na altura o seu sogro foi preso, durante vários meses, “por ler o Avante”, algo que diz ser sido “muito difícil” para a sua sogra. Já no dia da Revolução diz que adorou “ver a atitude dos capitães de Abril, e que esta revolução “foi para melhor, para quem viveu na pele o fascismo, de que ninguém gosta”.
Esta revolução, para Luísa Fernandes, “foi positiva, porque não houve mortes, foi muito bem feita”, diz. Nesta altura considera que é importante transmitir às crianças “a importância da liberdade que hoje vivem”.
Idaulina Borrega conta que, na época da ditadura, ouvia as notícias no rádio, às escondidas, tendo sido avisada pela sua mãe que um dia poderia ser presa, algo que nunca chegou a acontecer. “Essa foi uma data marcante, porque estávamos a viver a ditadura, tenho muitas recordações dessa época, em que não podíamos falar de nada. Quando tinha 10 anos ouvia, debaixo dos lençóis o Manuel Alegre na Rádio e a minha mãe avisava-me que um dia podia ser presa, mas eu não queira saber, queria ouvir o que se dizia”, relata.
Durante a ditadura, garante esta aluna, viveram-se “tempos muito difíceis e sofridos”, considerando que atualmente as pessoas têm de “dar valor à liberdade, mas sempre respeitando os outros”.
Já Beatriz Galvão adianta que o seu marido foi mobilizado para Angola, dias depois da Revolução, dizendo que esse dia “foi muito marcante” e, ao mesmo tempo, “muito bonito, porque não houve sangue, guerra nem feridos”.
Garantindo que não passou fome, naquela altura, Beatriz Galvão diz que, ainda assim, foram tempos difíceis. “Lembro-me que não tínhamos metade das coisas que, hoje, os meus filhos netos têm, mas nunca passei fome e lembro-me comprar cinco tostões de chouriço para eu e a minha irmã comermos ao lanche, aquilo era uma lasquinha para cada uma, não havia dinheiro para mais, mas pronto, comíamos muitas sopas e açordas, sem nunca passarmos fome”.
Alunas da Academia Sénior da CURPI de Campo Maior a contarem as suas memórias do 25 de abril de 1974.