Exposição “Aprended, mortales, a mirar las cosas del cielo”de Maria José Gallardo no MEIAC

A Exposição “Aprended, mortales, a mirar las cosas del cielo”, de Maria José Gallardo, É inaugurada esta sexta-feira, 25 de novembro, no MEIAC, em Badajoz, pelas 19 horas.

Em 1506, o mestre Rodrigo Fernández de Santaella, clérigo e doutor em Teologia, patrocinou a criação daquela que viria a ser a sua Universidade de Sevilha. Os restos mortais deste humanista, teólogo e pregador repousam no interior da pequena capela de Santa María de Jesús, único vestígio da primitiva fundação universitária, edifício de uma só nave presidido por um impressionante retábulo gótico no qual se adivinha a formas da Renascença características do pintor Alejo Fernández. Na laje que cobre o seu túmulo pode-se ler a frase “Aprended, mortales, a mirar las cosas del cielo”.

Mariajosé Gallardo resgata essa frase do epitáfio de Mestre Rodrigo para dar título a esta exposição que agora se apresenta no MEIAC. A proposta, uma produção do próprio museu, representa uma recriação paradoxal, surpreendente e pouco fiel da atmosfera secularmente mantida na capela de Sevilha onde repousam os restos do religioso.

Um espaço intencionalmente criado para predispor uma atitude ativa do visitante como único intérprete da obra do artista. As obras que compõem esta mostra, incitam o observador a forçar uma interpretação subjetiva das formas e cenas sugeridas, carregadas de simbologia e extraídas de fontes díspares, alteradas e justapostas, em que estilos totalmente misturados oposto. Esta proposta, que dá continuidade à trajetória do Projeto Post Local do MEIAC, abre uma nova etapa da série com um conceito renovado fruto da adaptação desta linha de trabalho mais de quinze anos após sua primeira apresentação.

A mostra estará patente até dia 26 de março de 2023.

“Quem Quer Ser Saramago?” apresentado ao público escolar de Campo Maior

A Andante apresenta amanhã, sexta-feira, dia 25 de novembro, o espetáculo “Quem Quer Ser Saramago?”, no Centro Cultural de Campo Maior, numa iniciativa destinada ao público escolar.

Este é um espetáculo que anda na estrada desde 2014 e que consiste numa espécie de programa de televisão, à semelhança do famoso “Quem Quer Ser Milionário?”, em que se percorrem algumas das obras de José Saramago e em que o público é convidado a participar.

A Andante, segundo revela a atriz e uma das fundadoras desta companhia de teatro, Cristina Paiva, dedica-se, há mais de 20 anos, “exclusivamente” à promoção da leitura. “Os espetáculos que fazemos têm como intenção, objetivo primeiro e último, seduzir leitores e este trabalho sobre Saramago é um espetáculo que já tem alguma estrada e que neste ano de centenário veio a ganhar outra visibilidade”, assegura.

As obras de Saramago, “que são estudadas pelos alunos e outras que não são”, servem de base para este espetáculo, juntamente com textos de autores como Fernando Pessoa e o Padre António Vieira. Este, assegura Cristina Paiva, é um espetáculo muito interativo e lúdico e que, de uma forma leve, aborda temas “sérios”, como a construção do Convento de Mafra, o tema central do “Memorial do Convento”.

Cada apresentação desta peça é única, garante a atriz, tendo em conta que, em cima do palco, nunca se sabe como será a interação do público, na plateia. Cristina Paiva explica ainda que, em cena, o espetáculo, feito em parceria com a Fundação José Saramago, tem dois atores (a própria e Fernando Ladeira) e um DJ.

A atriz destaca ainda o “ritmo e cadência próprios” da música que acompanha toda a peça, onde, segundo diz, “cabe muito bem” a voz narradora de José Saramago.

O início do espetáculo, esta sexta-feira, está marcado para as 10h30.

Sinopse do espetáculo:

“A grande e decisiva arma é a ignorância. É bom que eles nada saibam, nem ler, nem escrever, nem contar, nem pensar, que considerem e aceitem que o mundo não pode ser mudado, que este mundo é o único possível, tal como está, que só depois de morrer haverá paraíso? JS in «Levantado do Chão»

Agora, mais do que nunca, as palavras de José Saramago ajudam-nos a compreender, a lutar e a ultrapassar os tempos conturbados em que vivemos.

Quem quer ser Saramago?

Como num jogo, somos levados através do universo da escrita de José Saramago, com avanços e recuos, ultrapassando uma dificuldade aqui, fazendo uma descoberta ali.

Uma viagem contra a crueldade, a humilhação e a mentira, guiada pela voz e pela obra do único Nobel da literatura em língua portuguesa, com destino a um mundo mais digno, justo e verdadeiro.”

Financiamento para circulação de obras literárias no “Espaço Europa”

O programa Europa Criativa, da União Europeia, tem abertas as candidaturas a um financiamento global de cinco milhões de euros, que prevê apoiar cerca de 40 projetos na área da literatura.

Este financiamento, revela Ana Pereira do Europe Direct Alto Alentejo, na edição desta semana do “Espaço Europa”, permite um apoio até 60% à tradução, publicação e distribuição de obras de ficção, como romances, contos, poesia, teatro, peças de rádio, banda desenhada e literatura para jovens adultos, e decorre anualmente.

São elegíveis obras em papel e em formato digital (e-books e audiobooks), sendo que cada projeto deverá propor um pacote mínimo de cinco obras.

As candidaturas podem ser feitas por uma entidade ou em consórcio de entidades ativas no setor do livro, como editoras, festivais de literatura, feiras do livro, bibliotecas e livrarias.

As candidaturas podem ser feitas até 21 de fevereiro de 2023. Todas as informações disponíveis em europedirect.ipportalegre.pt.

O “Espaço Europa” desta semana para ouvir, na íntegra, no podcast abaixo.

Vila Boim: “Azeite, dificilmente, chegará até à proxima campanha”

Com o ano de 2021, a bater todos os recordes do sector oleícola, com 200 mil toneladas de azeite e 700 milhões de euros em exportações, 2022, vai ser um ano de contra-safra e a quebra na produção de azeite já é uma realidade.

Na Cooperativa Agrícola de Olivicultores de Vila Boim, a quebra “é de cerca de 66 por cento, em relação a um ano dito normal. Diariamente, a entrega de azeitona rondaria os 25 mil quilos, sendo que este ano ronda os nove mil quilos”, de acordo com Patrícia Cachapa, diretora de produção da Cooperativa de Vila Boim.

De acordo com a responsável, esta quebra de produção “resultou da conjugação de diversos fatores. Tivemos problemas de floração, fecundação e a própria viabilidade dos frutos, devido à onda de calor. Da pouca produção que já existia, perdeu-se bastante e houve queda de frutos na altura. Para além disso, houve ataques de mosca da azeitona, nos meses de verão e afetou tudo”.

Esta redução significativa na produção de azeite levou já à diminuição, para metade, do número de trabalhadores na cooperativa durante esta campanha, como nos referiu Patrícia Cachapa. Por outro lado, “menos azeite vai levar ao aumento do preço de venda ao público. Ao mesmo tempo, não vamos ter quantidade suficiente para a procura. Este ano, dificilmente vamos ter produção suficiente para dar até à próxima campanha”.

O azeite produzido em Vila Boim é feito, sobretudo, “de azeitona colhida em olival tradicional, o que faz com que as variedades, que nós moemos aqui, sejam portuguesas e atribuam ao azeite um sabor diferente”.

A campanha de apanha da azeitona deverá decorrer, em Vila Boim, até ao início de Janeiro. Em 2023, a cooperativa não vai ter quantidade suficiente de azeite, para vendam, até ao final da próxima campanha.

“Olival é o grande volume da herdade e diminuição faz diferença”, diz Alfredo Peneda

A produção de azeite deverá sofrer, este ano, a nível nacional, uma quebra superior a 50 por cento.

Alfredo Peneda, engenheiro responsável pela campanha de apanha da azeitona na Herdade d’Alcobaça, em São Vicente e Ventosa, no concelho de Elvas, explica que, “devido à elevada produção do ano passado, a árvore perde este ano algum fruto. Por outro lado, as temperaturas elevadas de final de Maio, altura em que a árvore estava na floração, levaram à secagem de algumas flores das árvores”.

Em São Vicente, a apanha da azeitona deverá decorrer até meados de Dezembro. “No olival mais antigo, a quebra deverá ser de cerca de 40 por cento. Já no olival mais novo, a diferença, em relação a 2021, deverá rondar os 20 por cento. Esta diminuição, para a economia da Herdade, faz alguma diferença. É verdade que nós temos animais, amêndoa e vinha mas o olival é o grande volume de negócio”.

De acordo com Alfredo Peneda, o azeite da Herdade d’Alcobaça é produzido “apenas com produção própria e com azeitona do ar, ou seja, não se utiliza fruta do chão. O nosso azeite é distribuído nas grades superfícies comerciais e caracteriza-se por ter uma baixa acidez, com frutado intenso e um ligeiro picante. Deve ser dos azeites do mercado que dura mais tempo na garrafa, se estiver guardado em ótimas condições”.

O engenheiro garante que, “hoje em dia, com todas as técnicas utilizadas para apanhar a azeitona, a qualidade do azeite está assegurada”.

O ano passado, na Herdade d’Alcobaça, em São Vicente e Ventosa, foram colhidas cerca de cinco mil toneladas de azeitona, o que se traduziu em, aproximadamente, 850 toneladas de azeite, valores muito acima do normal. Este ano, a quebra ronda os 40 por cento em alguns tipos de azeitona e os 20 por cento nos olivais mais novos.

Sonho da “avó Beatriz” concretizado com lançamento de livro de receitas

O livro de “Receitas da Avó Beatriz” é apresentado no sábado, dia 26 de novembro, em Degolados, pelas 16 horas.

Trata-se de um pequeno caderno, com muitas das receitas que deliciaram, durante largos anos, as gentes de Campo Maior, e que foi elaborado no âmbito do projeto “Vidas Ligadas”, da Santa Casa da Misericórdia de Campo Maior, financiado pelo BPI e a Fundação “la Caixa”.

Segundo Rosália Guerra, uma das responsáveis por este projeto, “Vidas Ligadas”, que decorreu durante um ano, tinha como objetivo “recuperar sonhos perdidos” de pessoas em final de vida ou com doenças avançadas, como o foi caso de Beatriz. “Nós conseguimos concretizar o sonho da dona Beatriz, que tinha sido cozinheira e pasteleira, durante a sua vida, e que sempre se orgulhou muito da sua profissão, mas, no entanto, nunca tinha partilhado as suas receitas. Este sonho estava guardado no seu coração”, conta Rosália Guerra.

Beatriz faleceu entretanto, não tendo conseguido “acompanhar o processo de divulgação do seu livro de receitas”, junto da comunidade, dos seus amigos e da sua família. Ainda assim, a Santa Casa da Misericórdia questionou a família de Beatriz se seria um desejo fazê-lo, em sua homenagem. “Apesar da dona Beatriz não estar fisicamente entre nós, foi uma vontade expressa pela família que este livro fosse partilhado com a comunidade”, garante a responsável.

Para além de receitas de muitos doces e bolos, que fizeram parte das mesas de muitos casamentos, neste livro há ainda várias de receitas da chamada comida de conforto. Todos os interessados, revela Rosália Guerra, poderão adquirir este livro, sendo que a Câmara Municipal vai disponibilizar vários exemplares para a sessão de apresentação.

A intenção da Santa Casa da Misericórdia de Campo Maior, diz ainda Rosália Guerra, é que o projeto “Vidas Ligadas” possa ter continuidade. “Este projeto foi muito importante, particularmente para as vidas das pessoas que estão a viver processos de doença avançada ou em situações fim de vida e sem dúvida que este projeto foi marcante”, assegura. “Conseguimos que, na fase final de algumas vidas, se recuperassem sonhos, relações e encontros. No fundo, conseguimos voltar a preencher agendas que estavam vazias e conseguimos repreencher agendas de vida, que todos temos de concretizar, para sermos felizes”, acrescenta. “Vidas Ligadas” encontra-se, neste momento, em fase de avaliação, pelas entidades financiadoras.