Rondão Almeida e a obra do Parque da Piedade: “deixou-se passar a oportunidade”

Todos os caminhos vão dar ao Parque da Piedade, em Elvas, a partir da próxima quarta-feira, dia 20 de setembro, com a realização de mais uma edição da histórica romaria em honra do Senhor Jesus da Piedade e da tradicional Feira de São Mateus.

Ao longo de várias noites, na Expo São Mateus, não vão faltar espetáculos, com vários artistas de renome, num espaço que, lembra o presidente da Câmara Municipal de Elvas, Rondão Almeida, não é da autarquia, pelo que o município não pode fazer qualquer intervenção naquela área.

O autarca, face aos comentários que vai ouvindo, garante que se tem “misturado muito” aquilo que é o cartaz da Expo São Mateus, “oferecido” pela Câmara Municipal, com a requalificação de todo o espaço, de oito hectares, em que decorre todo o evento. “Ninguém consegue fazer uma obra em cima de uma casa que não lhe pertence. A Câmara Municipal de Elvas não pode intervir naquele território, porque não é da Câmara e, por isso mesmo, é que de ano para ano, pedimos à confraria que nos ceda aquele pequeno terreno onde fazemos a Expo São Mateus”, começa por dizer.

Rondão Almeida recorda que, em tempos, no seu “segundo ou terceiro mandato”, desafiou a Confraria do Senhor Jesus da Piedade, para se requalificar o Parque da Piedade, com recurso a fundos comunitários, “com 75% a fundos perdidos”, para, à semelhança do que fizeram outras autarquias, dar mais condições àquele espaço. Feita a obra, o Parque da Piedade serviria para a realização de feiras económicas.

Na altura, o objetivo era que fosse feito um contrato de comodato, “por dez ou mais anos” com a confraria, para que o município pudesse, depois de realizados todos os projetos necessários, candidatar essa obra e requalificar o Parque da Piedade, com a construção de pavilhões. “Com duas grandes naves, conseguia-se juntar, a este Feira de São Mateus, uma feira agroalimentar. Por outro lado, teríamos duas ou três grandes naves para os stands comerciais, como os automóveis que, em vez de estarem no saibre, estariam nesses pavilhões”, acrescenta Rondão Almeida.

Não tendo dúvidas que é necessário fazer esta intervenção naquele espaço, Rondão Almeida recorda que os “donos” do terreno, na altura em que a obra era possível, não aceitaram a proposta da Câmara Municipal. “Na altura, os cálculos estavam na ordem dos oito, dez milhões de euros, e nós poderíamos aproveitar esses milhões. Mas o que é certo é que os donos do terreno, fossem eles a Confraria do Senhor Jesus da Piedade, ou os confrades, ou o juiz da confraria ou o senhor arcebispo, dono daquele território, não estiveram nos ajustes e não aceitaram essa proposta”. Ao não aceitarem essa proposta, deixando-se passar a oportunidade, “puseram em causa aquilo que é a remodelação daquele território”, assegura o autarca.

Agora, e depois do juiz da confraria, Carlos Damião, dizer que está “disponível para fazer, neste momento, aquilo que a câmara ofereceu noutra altura”, Rondão Almeida revela não haver quadro comunitário, que “dê um único euro, para se poder agarrar numa obra desta natureza”.

Neste momento, diz ainda Rondão Almeida, nem a câmara municipal, que tem estado a “meter as contas em ordem”, ao longo deste mandato, nem a confraria, têm fundos suficientes para avançar para essa obra. “Se Deus me der saúde, e se me recandidatar, é muito natural que já tenha mais algum desafogo económico, e me possa arrojar para propor, novamente, à confraria; agora, não será no decorrer deste mandato que vou endividar a câmara para requalificar aquele espaço”, remata.