Uso de glifosato como herbicida divide opiniões

A Comissão Europeia estendeu a autorização europeia para a utilização de glifosato como herbicida até ao final deste ano. O herbicida à base de glifosato é aplicado nas folhas de plantas daninhas, aquelas que nascem espontaneamente e prejudicam a produção agrícola.

José Eduardo Gonçalves (na foto), vice-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, explica que esta “é uma das matérias ativas mais importantes na agricultura, uma vez que mata apenas a erva, perdendo a sua atividade em contacto com o solo. Trata-se de um herbicida que não tem substituto e muito importante para a limpeza do que, vulgarmente, chamamos de ervas”.

“A Comissão Europeia prolongou, e bem, este uso e, das duas uma, contactam as indústrias da área e tentam encontrar um substituto para o glifosato ou é impossível fazer-se agricultura sem esta matéria ativa. Por exemplo, se olharmos para a sementeira direta, é impossível semear-se sem glifosato”.

De acordo com José Eduardo Gonçalves, “o glifosato só mata a erva onde toca. Se a erva estiver encoberta já não a mata. Nesse sentido, estão-se a levantar falsos problemas da matéria ativa mais utilizada em Portugal e na Europa”.

“Há estudos que associam o glifosato ao cancro”, diz José Janela

No caso da Associação ambientalista Quercus, a posição em relação ao glifosato não é tão positiva. José Janela, presidente do núcleo regional de Portalegre da Quercus, refere que “há estudos recentes que associam a utilização desta substância ao aparecimento de cancro e Parkinson”.

José Janela defende “a não utilização do glifosato na monda, optando-se pela monda física ou térmica. Apesar de já ser proibido aplicar glifosato em algumas zonas, como hospitais e escolas”, o ambientalista considera que “essa proibição deveria ser alargada a mais locais”.

A Quercus já endereçou uma carta à comissária europeia responsável pela pasta da saúde a apelar à retirada de circulação do glifosato.