Pedidos de apoio psiquiátrico duplicaram em Elvas

psiquiatriaNos primeiros oito meses deste ano, venderam-se mais de 13 milhões de embalagens de ansiolíticos e antidepressivos em Portugal. Os dados foram fornecidos pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, Infarmed, e representam o valor mais elevado dos últimos três anos.

José Ramos, médico psiquiatra em Elvas, garante que “olhando para os números de consulta, desde março ou abril, houve um aumento muito significativo dos pedidos de ajuda. É muito difícil quantificar mas diria que, pelo menos, duplicaram as consultas ao longo deste meses. Eu conheço o Alentejo relativamente bem e sei que em termos de cobertura de assistência psiquiátrica é uma área bastante carenciada, algo que agravou ainda mais com a pandemia”.

Este aumento é uma realidade no país e, apesar de não existirem estudos sólidos, o aparecimento da pandemia é um dos principais fatores. “Temos a segunda taxa mais elevada de prevalência de doença mental de toda a Europa o que mostra que o nosso ponto de partida já é de muita fragilidade”, garantiu.

De acordo com o médico, “a sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde e a falta de psicólogos contribuem também para o aumento da prescrição de medicamentos. Perante isto, acho que está aqui reunido um cocktail um pouco explosivo o que faz com que as pessoas recorram a apoios”.

“Este ano, as principais doenças associadas ao foro psicológico, prendem-se com as perturbações afetivas e de ansiedade. Também questões relacionadas com pânico, fobia e um grande aumento de casos de insónia”.

Venda de ansiolíticos e acompanhamento psiquiátrico aumentou nos últimos meses. Apesar de não haver prova que relacione o aumento com o aparecimento da pandemia, muitos profissionais de saúde referem que está tudo relacionado.