Arcebispo de Évora e a greve dos enfermeiros: “o doente não é um objeto é um sujeito”

DSC_0015A greve dos enfermeiros nos blocos operatórios é já a segunda, num curto espaço de tempo, que levou ao cancelamento ou mesmo adiamento de quase oito mil cirurgias.

No âmbito do dia Mundial do Doente, assinalado no Hospital de Santa Luzia em Elvas, D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora, referiu à Rádio ELVAS que “apesar de todas a razões e motivações legítimas, o doente nunca pode ser prejudicado, o doente não é um objeto é um sujeito e a pessoa não pode ser usada para ser instrumento da nossa pretensão, ou seja, os fins não justificam os meios”.

O arcebispo de Évora apela à reflexão e afirma que “devemos pensar nas consequências e olhar para aqueles que sofrem, porque as pessoas que vêem as cirurgias adiadas passam por momentos difíceis”. D. Francisco Senra Coelho afirmou ainda que demonstra o seu “respeito pelos enfermeiros e a sua reivindicação, não ponho em causa as suas razões mas quero lembrar o sofrimento dos doentes, e não quero com esta mensagem gerar uma situação encrespada, mas sim apelar ao bom senso”.

De recordar que os enfermeiros reivindicam três categorias, enfermeiro, enfermeiro especialista e enfermeiro diretor, com um correspondente aumento das remunerações. O Governo aceitou as categorias, mas não o aumento salarial exigido. Os enfermeiros reclamam ainda a antecipação da idade da reforma para os 57 anos e 35 de serviço, tendo em conta o risco e a penosidade da profissão, e apresentaram queixas sobre a falta de valorização da sua profissão e sobre as dificuldades das condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde.

A greve abrange dez centros hospitalares: o Centro Hospitalar S. João (Porto), Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, Gaia/Espinho, Tondela/Viseu, Braga, Garcia de Orta, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa Norte e o Centro Hospitalar de Setúbal.

A greve dos enfermeiros teve início no passado dia 31 de janeiro e prolonga-se até dia 28 de fevereiro, e foi decretada por dois sindicatos: Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) e Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE).