Reportagem RCM: “Farmácias de Luto”

FarmaciaLuto1As farmácias portuguesas estão de luto. A Associação Nacional de Farmácias (ANF) lançou a campanha “farmácia de luto” e pretende assim chamar a atenção dos utentes para as dificuldades que o setor atravessa.

A ação pretende mostrar que a crise também afeta as farmácias e que muitas estão em risco de fechar portas. A ANF estima que mais de 600 estão já em falência ou pré-falência.

A situação actual já é incomportável, diz o sector, e a perda de margem no preço dos medicamentos é uma das consequências.

Na vila de Campo Maior o sentimento de preocupação é dominante. Maria Amélia Silveira, proprietária da farmácia “Central” em Campo Maior, fala numa redução da margem de lucro na ordem dos 20 por cento.

Margarida Palmeiro, proprietária a Farmácia “Campo Maior” atesta que todos os dias há pressão junto dos fornecedores para que os medicamentos cheguem às farmácias.  O desemprego bateu também à porta do setor farmacêutico. Algo que Margarida nunca pensou poder ser possível.

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Maria da Conceição Costa, directora técnica da farmácia Costa, em Elvas, confirmou que o principal problema é financeiro e a esta situação acresce uma outra: a falta de medicamentos.

Joaquim Crujo, proprietário da farmácia localizada em Vila Boim, no concelho de Elvas, confirma a crise no setor devido à diminuição da margem de lucro, mas também devido ao enfraquecimento do poder de compra do utente.

No concelho de Elvas apenas duas farmácias acederam a prestar declarações sobre as dificuldades sentidas no setor. Das seis existentes na cidade, apenas uma não aderiu à campanha “Farmácias de Luto”.

Cartazes, panfletos explicativos e uma petição ao Governo, são algumas das iniciativas que as farmácias de todo o país estão dar a conhecer à população. Os utentes, contudo, ainda não estão sensibilizados para as razões de luto das farmácias.

Alexandra Pereira, responsável técnica da Farmácia “Novalentejo”, em Montemor-o-Novo atesta que aumentam as dificuldades das farmácias em adquirir medicamentos. Também Fernando Raposo, da Farmácia “Freitas”, em Montemor, avançou com a realidade da sua farmácia. 

As farmácias portuguesas foram chamadas a “pôr luto” e explicar aos utentes as razões que podem levar ao encerramento de 600 unidades, numa ação que inclui uma petição ao Governo para alterar as políticas do setor. A petição para alterar a política do medicamento, lançada no final de Setembro no âmbito da ação de sensibilização “Farmácia de Luto”, conta já com mais de 51 mil assinaturas, ultrapassando “todas as expectativas” dos promotores da iniciativa.

No próximo dia 13, sábado, realiza-se no Campo Pequeno, em Lisboa, uma Reunião Magna da Farmácia, que contará com a participação das entidades promotoras e de todos os que”estão empenhados na defesa da Farmácia”.